segunda-feira, 13 de julho de 2015

Ultra Trail Douro e Paiva...Entrar no paraíso e subir ao céu...

Quando acabei este trail o ano passado, disse a toda a gente e sem hesitar que voltava em 2015 e foi sem pestanejar que fiz a minha inscrição e a de mais meia dúzia de amigos no mês de dezembro aquando do free trail com o André Oliveira pelo mesmo percurso maravilhoso.
 
É difícil de perceber para quem não é trailer como é que alguém possa querer levantar-se antes das cinco da manhã, num domingo solarengo para se meter à estrada, conduzir duas horas no meio do nevoeiro, apanhar uma camioneta apinhada de outros tantos malucos para depois ficar a olhar durante outra hora para a cara dos mesmos malucos no meio de uma ponte por cima do Douro. E tudo isto para outras cinco horas de sofrimento, empeno e muita sede.
 
Como tinha feito a mesma distância o ano passado, sabia o que me esperava, por isso não liguei à altimetria errada impressa no dorsal. Esperava uma passagem deslumbrante pelo vale do rio Bestança, muita subida exposta até à Santa e depois muita corrida e descida solta a partir dos últimos dez quilómetros. Sabendo isto, era só desfrutar ao máximo do que de melhor há em termos de paisagens no mundo dos trails. Fiquei surpreendido com a pouca água do rio ao atravessar para o moinho, mas mesmo assim não me atrevi a fazer pose para o Miro que tinha montado um verdadeiro arsenal para apanhar quem quisesse refrescar as pernas. Que estas pedras são escorregadias, lá elas são e nem as minhas Bushido são uma garantia para evitar um mergulho vergonhoso no rio mais limpo de Portugal. O ritmo era forte e o entusiasmo era tanto que me enganei por três vezes ao longo do percurso. Não foi por falta de marcação, porque esta estava impecável, foi como sempre por pura burrice... mas a burrice tem cura. Basta deixar a teimosia de lado e à mínima indicação de falta de fitas dar meia volta. Os que nos passaram, a gente há de os apanhar outra vez, mais lá para a frente.
 
Este trail tem de tudo, tem sombra, tem sol, tem floresta, tem serra, tem aldeias com aldeões puros e espantados por ver gente como nós a querer correr por caminhos onde nem as cabras querem passar e tem troços para recuperar fôlego e quilómetros. E depois tem outra coisa...tem aquela mistura mística no início e fim do trail de apanhar os primeiros e os últimos da prova dos 18km. No início o espanto é nosso ao ver a pica entre os cinco primeiros atletas de topo a passar por nós como se não houvesse amanhã e no fim o espanto dos muitos últimos a chamarem-nos atletas e a incentivarem-nos com aquela admiração: "São os dos 35! Estes é que correm!". É melhor que Red Bull, é o que nos dá as verdadeiras asas para ultrapassar a última dezena de quilómetros.
 
Foi muito bom, não faltou quase nada. Vim pela segunda vez e estarei cá novamente para repetir em 2016. Consegui acabar a prova fresquinha e a tirar mais de quarenta minutos ao tempo que fiz o ano passado. Os muitos que vieram comigo também fizeram uma excelente prova, com especial destaque para as meninas que foram umas verdadeiras heroínas. O pódio está a aproximar-se... As canequinhas geladinhas de cerveja foram mais que merecidas.
 

Obrigado à gente de Cinfães e aldeias por ali perto. É muito bom sentir o que há de melhor por este Portugal fora. Obrigado à organização, voluntários, bombeiros e tanta gente que com poucos recursos conseguiu mais uma vez tornar este evento numa das provas de referência do país. Nós cá estaremos outra vez em 2016 ou antes.